"(...) Até abraçar desaprendemos. Ninguém mais abraça com vontade. Com sinceridade de velório.
Odeio abraço falso, como aquele beijo de frígida, no qual a face bate na face e os lábios se transformam em beiço.
Abraço tem que ter pegada, jeito, curva. Aperto suave, que pode virar colo. Alento tenso, que pode virar despedida.
É pelo abraço que testo o caráter do outro. Não confio em quem logo dá tapinhas nas costas. A rapidez dos toques indica a maldade da criatura.
Não sou porta para bater. Nem madeira para espantar azar.
Abraço com toquinho é hipócrita. É abraço de Judas. De traidor. O sujeito mal encosta a pele e quer se afastar. Pede espaço porque não suporta os pecados dos pensamentos.
Devemos fechar os olhos no abraço, respirar a roupa do abraçado, descobrir o perfume e a demora no banho.
Abraço não pode ser rápido senão é empurrão. Requer cruzamento dos braços e uma demora do rosto no linho.
Abraço é para atravessar o nosso corpo. Ir para a margem oposta. Nadar para ilha e subir ao topo da pedra pela gratidão de sopro.
Sou adepto a inventar abraços. Criar abraços. Inaugurar abraços. Realizar um dicionário de abraços. Um idioma de abraços.
O meu é o de cadeira de balanço. Giro nas pontas dos pés. Não largo, os primeiros minutos são para sufocar, os demais servem para o enlaçado se recuperar do susto.
Não entendo onde terminará o abraço. Se a pessoa vai chorar ou vai rir. Abraço é confissão.
Dez minutinhos de sol e de liberdade."
Fabrício Carpinejar
Odeio abraço falso, como aquele beijo de frígida, no qual a face bate na face e os lábios se transformam em beiço.
Abraço tem que ter pegada, jeito, curva. Aperto suave, que pode virar colo. Alento tenso, que pode virar despedida.
É pelo abraço que testo o caráter do outro. Não confio em quem logo dá tapinhas nas costas. A rapidez dos toques indica a maldade da criatura.
Não sou porta para bater. Nem madeira para espantar azar.
Abraço com toquinho é hipócrita. É abraço de Judas. De traidor. O sujeito mal encosta a pele e quer se afastar. Pede espaço porque não suporta os pecados dos pensamentos.
Devemos fechar os olhos no abraço, respirar a roupa do abraçado, descobrir o perfume e a demora no banho.
Abraço não pode ser rápido senão é empurrão. Requer cruzamento dos braços e uma demora do rosto no linho.
Abraço é para atravessar o nosso corpo. Ir para a margem oposta. Nadar para ilha e subir ao topo da pedra pela gratidão de sopro.
Sou adepto a inventar abraços. Criar abraços. Inaugurar abraços. Realizar um dicionário de abraços. Um idioma de abraços.
O meu é o de cadeira de balanço. Giro nas pontas dos pés. Não largo, os primeiros minutos são para sufocar, os demais servem para o enlaçado se recuperar do susto.
Não entendo onde terminará o abraço. Se a pessoa vai chorar ou vai rir. Abraço é confissão.
Dez minutinhos de sol e de liberdade."
Fabrício Carpinejar
2 comentários:
Olá.Essa é minha primeira visita ao blog.Vi seu link em outro blog e resolvi vir conhecê-lo.Adorei seu blog e já estou lhe seguindo.Seu blog é muito bem organizado e suas postagens muito bem elaboradas.Adorei os textos que aqui encontrei.Parabéns elo lindo blog!Te convido a conhecer meu blog e segui-lo também.Aguardo sua visitinha!
Bjs!
Zilda Mara
@ZildaPeixoto
http://www.cacholaliteraria.blogspot.com
Zilda,obrigada pela alegria que me proporcionou através de tua visita e comentário. É isso que alimenta minhas postagens.
Estive retribuindo a visita que no momento foi rapidinha mas quero me demorar lá...me dedicar, e podes crer, farei com gosto.
Ah! também estou te seguindo.
mil beijos
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