Arte de Sue Halstenberg
Eu
sempre penso na posição do julgador como uma posição delicada. Porque ele se
considera mais inteligente, moralmente melhor, mas, de fato, ele
simplesmente subiu num degrau de orgulho de onde pensa enxergar muito bem os
demais a quem julga. Porém, seu olhar é limitado pelo seu nível de consciência
e pelo tamanho real da sua humildade e vontade de auxiliar o progresso do
próximo.
Mas
ao dizer isso, eu também necessito de cuidado para não emitir um
julgamento sobre o julgador! O que quer dizer que eu também posso subir num
degrau de onde acredito enxergar melhor… e meu olhar é também limitado…
Dá
pra ver como o tema é movediço, porque ele me coloca diante de um espelho e me
pede responsabilidade com as palavras. Me diz que não devo acreditar em tudo
que penso.
Li
e pensei “Nossa! Faço exatamente isso!” Noto que não julgo as pessoas
por sua condição social, financeira ou pelo gênero, mas pelo comportamento com
que não concordo. E sei que é julgamento porque me sinto melhor que elas, por
não agir igual. Mas o que sei delas? Do que está na sua mente, no seu coração,
do que as preocupa naquela hora? Nada!
Falta
muito exercício pra eu chegar ao “não-julgamento”, porque o impulso inicial é
exatamente este.
Já
a superioridade verdadeira, que é toda moral e espiritual, não se mostra nas
opiniões sobre os outros, porém se revela pela compaixão, pela felicidade de amar
e servir, pela utilidade prática de suas ações em melhorar e facilitar
as vidas das outras pessoas. Jamais pelas observações acerca do jeito
alheio de ser.
Talvez
você (e eu) julguemos exatamente por não conseguirmos ainda compreender. Pela
estreiteza da visão. Talvez aquela pessoa que você acha esquisita e não
entende, surgiu na sua vida apenas para ser uma oportunidade na sua própria
evolução. Não somente para ampliar seu olhar, mas para ensinar-lhe algo ou
ajudar de algum modo.
E
ninguém sabe, de fato, na jornada coletiva, quem está à frente ou atrás, quem
está mais alto ou mais baixo, na subida desta vida. Então, resta-me o silêncio
e a confiança.
Confio
em que ainda haja espaço suficiente na minha compreensão, para situações que
contrastam com meus ideais de amizade e de convivência.
Desejo
que meu coração se abra para aqueles que ainda não entendo, para aqueles cujas
palavras me assustam ou, mesmo, querem me atingir.
E
que estar próximo a eles seja oportunidade de superar minha pequenez, de
aumentar o poder da paciência e a visão compassiva que devo alcançar, no
propósito de evoluir como Ser.
Rita Foelker
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