Arte de Pavel Bergr
Ah, tempo tu não tens sido relativo pra mim. Andas escasso sempre e tens
me tirado de onde quero demorar-me. Tens arrancado as minhas melhores
páginas para que eu escreva novas, quando tudo o que eu queria era
passar aqueles rascunhos a limpo. Tá certo, eu precisava aprender que tu
não voltas, mas por que não me deixaste entender isso, na hora
adequada, pra que eu pudesse "salvar" os arquivos antes que tu os
deletasses? Não quero a vida no preto e branco da pressa, soterrada nas
buzinas dos carros, na lista do supermercado, nas contas a pagar. Não
sei viver no vermelho dos desencontros e das decepções, nas obrigações
afiveladas na agenda. Quero demorar-me no cheiro de lavanda dos lençóis,
nos poemas de Drummond e Adélia, no café da manhã com os meus filhos,
no abraço do homem que amo.
Quero ser dona das minhas horas, senhora de
meus minutos e arbitrar sobre as minhas pausas.... Não quero desavenças
contigo, por isso te peço: vamos nos entender! Deixa que os meus
momentos me pertençam, que eu decida a velocidade dos ponteiros do meu
relógio!!!
Aíla Sampaio
Nenhum comentário:
Postar um comentário