quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O rei, o soberano, o infalível, é ele, o desejo

Arte de Gaëlle Boissonnard 


“Até alguns anos atrás, eu costumava dizer frases como “eu jamais vou fazer isso” ou “nem morta eu faço aquilo”, limitando minhas possibilidades de descoberta e emoção. Não é fácil libertar-se do manual de instruções que nos autoimpomos. Às vezes, leva-se uma vida inteira, e nem assim conseguimos viabilizar esse projeto. Por sorte, minha ficha caiu há tempo.”

Martha Medeiros Feliz por nada  Pág 118


“(...)Meu paladar deixou de ser monótono: comecei a provar alimentos que nunca havia provado antes. E muitas outras coisas vetadas por causa do “medo do ridículo” receberam alvará de soltura. O ridículo deixou de existir na minha vida.
Não deixei de ser eu. Apenas abri o leque, me permitindo ser um “eu” mais amplo. E sinto que é um caminho sem volta.”

Martha Medeiros Feliz por nada  Pág 119


"O sensato privilegia tudo o que possui conteúdo, pois está de acordo com a máxima que diz que mais grave do que ter uma vida curta é ter uma vida pequena. Sendo assim, ele faz valer o seu tempo."

Martha Medeiros Feliz por nada  Pág 129



Passo adiante, ora. Extra, extra, só existe o seu desejo. É o desejo que manda. Esse troço que você tem aí dentro da cachola, essa massa cinzenta, parecendo um quebra-cabeças, ela só lhe distrai daquilo que realmente interessa: o seu desejo. O rei, o soberano, o infalível, é ele, o desejo. Você pode silenciá-lo à força, pode até matá-lo, caso não tenha forças para enfrentá-lo, mas vai sobrar o que de você? Vai restar sua carcaça, seu zumbi, seu avatar caminhando pelas ruas desertas de uma cidade qualquer. Você tem coragem de desprezar a essência do que faz você existir de fato?

Martha Medeiros Feliz por nada  Pág  140


“(...)Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre é possível ser feliz também. Não estando “realizado” também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma, consciência. Felicidade é ter talento para aturar, é divertir-se com o imprevisto, transformar as zebras em piadas, assombrar-se positivamente consigo próprio: como é que eu me meti nessa? Como é que isso foi acontecer comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se culpam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos. Apenas fazem o melhor que podem.
Se quiser ser mestre em alguma coisa, tente ser mestre em esquecer de você mesmo. Liberte-se de tanto pensamento, de tanta procura por adequação e liberdade. Ser uma pessoa adequada e livre - simultaneamente! – é uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?”


Martha Medeiros Feliz por nada  Pág  142

3 comentários:

Gabriela disse...

Depois de alguns problemas técnicos, estou fazendo um blog novo. Aos poucos vou colocando mais textos do antigo blog nesse também. Me siga! E nesse acho que você vai conseguir entrar sem maiores problemas: http://estrangeiragabriela.blogspot.com/

Beijocas

Martha Helena disse...

Já estou te seguindo, finalmente!mil beijos

Gabriela disse...

Eu tenho síndrome de Gabriela, com certeza!