quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Ninguém deixa de amar do dia para a noite, mata-se o sentimento aos poucos





Arte de Dorina Costras



"(...) Ninguém deixa de amar do dia para a noite, mata-se o sentimento aos poucos: na ausência do toque, na supressão de diálogos, nos descasos cotidianos, nas ironias degradantes, nas implicâncias gratuitas ou em tantos outros pequenos abandonos que, enquanto maltratam, vão construindo a certeza do ponto final.

Bons parceiros conversam por palavras, mas, principalmente, por silêncios. Por vezes, o verbo se faz desnecessário e um olhar de cumplicidade comunica bem, mas há momentos em que não falar é a prova do descaso e da preguiça com a parceria. Silêncios comunicam muito e podem ser o prenúncio do abismo, quando tomam o lugar do que deveria ser presença.

Há de se ter cuidado para que a certeza quanto ao sentimento do outro não leve ao descuido. O amor requer elegância e persistência permanentes. É oferecer e desfrutar, cuidar e ser cuidado, tocar e ser tocado. É reciprocidade e, por ser eterno apenas enquanto dura, exige esforço para se fazer durar."

Lara Brenner

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