domingo, 24 de julho de 2016

competitividade sem educação está nos transformando em perigosas bestas




 arte de Igor Morsk


Em algum momento da vida, o mundo resolveu entender “competitividade” como alguma coisa parecida com o ditado antigo que diz “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Que pena.


Eu tenho a impressão de que esse engano é um dos grandes causadores da miséria em que nos enfiamos.


No meio desse equívoco, ser competitivo significa viver contra o outro, querer tudo e querer antes de todo mundo. Por aí, um batalhão competitivo espera sedento sua vez de partir para cima, de agarrar a chance com unhas e dentes, de provar seu valor, de fazer e acontecer. E tudo isso significa “passar por cima” de quem estiver na frente.


Em treinamentos e palestras, gurus de auto-ajuda repetem “você é especial porque foi o único espermatozoide a atingir o óvulo de sua mãe” e outras bobagens. Mas quase ninguém diz o essencial: “educação, respeito, ética e honestidade deixam o mundo melhor.”


Sem esses valores, ser competitivo é uma desgraça! O sujeito competitivo e mal-educado, desrespeitoso, antiético e desonesto é um monstro. Ponto! Não tem escrúpulos nem limites. Faz qualquer coisa em nome de suas metas.


Verdade é que competitividade sem educação está nos transformando em perigosas bestas. “Sai da frente ou eu atropelo” é o recado.


Nessa disputa estrábica, a gente aprende a falar inglês, alemão, espanhol, mandarim mas esquece como dizer “bom dia” no elevador!


“Fulano é poliglota!”, sabe pressionar, mentir, ofender e chantagear em quatro ou cinco idiomas! De que adianta?


Empatia, simpatia, fraternidade e outras joias são consideradas lixo entre os mal competitivos. Porque “abrem a guarda”. Ser gentil é mostrar fragilidade. O competidor matador fecha a cara e atropela.


Aqui entre nós, tão ruim quanto os maus perdedores é o péssimo ganhador!




André J. Gomes

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