Arte de Paul Kelley
Pausar é preciso. Pausar
também é ato de coragem.
Silenciar, diante do tempo –
exaustivo e apressado – nosso de cada dia, é uma das tantas formas que temos de
dizer ao mundo que o barulho lá fora também cansa. Diariamente
somos cobrados: no trabalho, em casa, pelos amigos que nos exigem mais
presença. Cumprimos horários e deveres. Tentamos ser a nossa melhor versão no
convívio com os outros.
Agradamos, perdoamos, falhamos e
novamente falhamos. E falhamos excessivamente conosco. Desacelere. Essa
é a regra na minha casa de dentro. Aqui, a norma é que não exista norma alguma.
Assim que deixei a vida tornar
pequenos acontecimentos algo singularmente novo, passei a ter uma harmonia mais
inteira comigo.
Quer um conselho? Sente o vento,
escuta a chuva, aprecia o passarinho que canta na janela do teu quarto. Esteja
em sintonia com a calmaria, com a música suave do cotidiano. Repare na
presença dos dias que se exibem com delicadeza, longe de reivindicações. Dedique-se
mais ao abraço, aos pés descalços, ao passeio sem rota, sem leste. Desaprenda o
caminho de volta, erre.
Encante-se com aquela ruazinha
tão sem graça que você cruza todos os dias. Deixe-se seduzir pelo
inesperado. Recolha-se. Renove-se. Re. Em constância.
Mal sabemos quantas esquinas
esperam o nosso olhar.
Bibiana Benites.
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