quarta-feira, 26 de novembro de 2014

felicidade instantânea e eterna não existe em uma vida a dois.



Arte de Dina Goldstein

"Acho um desserviço essa coisa de final feliz. Primeiro, porque a gente não sabe quando é o final. Segundo, porque felicidade instantânea e eterna não existe em uma vida a dois. Lá na novela que você assiste confortavelmente no sofá de casa, a protagonista e o “esse cara sou eu” se desencontraram, mas logo se ajeitam e vão ser felizes “ad infinitum”. Ele não tem bafo, não deixa a tampa do vaso levantada, não esquece a toalha molhada na cama, não deixa o tênis na sala, nunca está cansado demais, não se atrasa, não viaja, sempre presta atenção no que ela diz, não tem defeito, não tem mania, não tem personalidade forte, não é genioso, é um príncipe encantado irreal. O relacionamento deles nunca é monótono, não tem rotina, não tem briga, não tem discussão, não tem cara feia, não tem diferença, não tem descompasso. Eles se dão bem na cama, na mesa e no banho. Todo santo dia. Ela sempre goza, ele sempre tem vontade, ela lava, passa, cozinha, bate um bolo, se perfuma, malha e sorri. Tudo nos trinques."

Clarissa Corrêa

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