sábado, 7 de março de 2009

Quem somos mulheres de hoje?




Sobre as mulheres


O ser humano nasce pronto, mas incompleto. Essa incompletude se resolve na vida e nas relações sociais. Ser mulher, assim como ser homem, mais do que um fator biológico, é um fenômeno social. Não somente os papéis sociais, mas a própria subjetividade se compõe a partir de modelos que se fazem e desfazem de acordo com a época, a cultura, a idade, a necessidade.
O mal que a sociedade fez, a nós mulheres, assim como fez aos homens, foi a imposição de um único papel social, de um único modelo. Ao contrário dos gregos que, mesmo sendo bastante opressora com as mulheres, as representavam em papéis muito distintos, como a guerreira, a mãe, a esposa ciumenta, a mística, a sedutora, etc, nos foi dado um lugar restrito, confinado, sem opção, o lugar de santa, dona de casa, esposa casta, mãe. Mas e o lugar dos homens era um bom lugar?
O homem, mesmo ocupando o papel de opressor, também sofria a restrição de um papel social excessivamente rígido: homens não choram, são provedores da família, têm que ser viris, etc. E a luta das mulheres, ao contrário de ser contra os papéis sociais opressores, se tornou, em uma determinada perspectiva, contra os homens.
Ainda permanece nas lutas que travamos um ranço, uma reatividade, uma vingança, não somente contra os homens, mas contra a maternidade, os trabalhos domésticos, o cuidados com os filhos, a fragilidade, a sensibilidade, ou tudo que nos lembre aquilo que um dia fomos. E terminamos nos tornando um ser híbrido, que nasceu não de uma ação, mas de uma reação, um ser que nega a si mesmo, nega seu corpo, seus hormônios, suas lágrimas pré menstruais, e busca cada vez mais conquistar espaços sociais, honras, que nunca fizeram felizes aos homens e hoje oprime e apaga mulheres cada vez mais sozinhas e poderosas. Que percebem, tarde demais, devido ao limite de nosso relógio biológico, que não era nada daquilo que queriam.
Quem somos mulheres de hoje? Mulheres cada vez mais independentes, mas talvez excessivamente independentes, ou oprimidas pela independência. Por isso mulheres maravilhosas, incríveis, criativas, fantásticas, belas, mas sozinhas, aprisionadas por um plano, um projeto de vida construído em reação a opressão a que fomos submetidas. A hora agora nos exige um novo passo: não se trata mais de tomar um lugar, mas de criá-lo: qual o lugar de nossa diferença, qual o lugar que nos faz florescer? Precisamos construir um espaço que nos caiba e este espaço deve ser necessariamente complexo, como nosso corpo, nossa potencialidade. A mulher expande pra dentro, mas também explode pra fora em forma de broto, filho criação, invenção.


Viviane Mosé






Estamos em véspera do dia das mulheres.
Este ano estou menos eufórica, menos festeira e festiva.
Sempre achei importante a mulher lutar pelo seu espaço, eu mesma fiz isso de uma maneira modesta, mas dentro das minhas necessidades eu consegui.Meu espaço era um constante vai e vem entre mulher faceira, profissional dedicada e mãe afetiva.[ou devoradora].
Tentei dosar as proporções que cada vez eram testadas e invertidas.
Hoje, revendo valores e conceitos me vejo mais serena, pois consegui me equilibrar nos papéis que escolhi.
Não esqueci minha faceirice, minha sexualidade, minha ética , meus valores, porém, estou em xeque.Como não quero cair em preconceito e emitir juízo de valores[sou uma mulher que quer caminhar junto com o tempo] mas assim mesmo, me deparo perplexa com as jovens mulheres de hoje.Se acabam correndo atrás e não sei o quê. Muitos beijos, menos calorias na boca, são pratos principais em qualquer conversa, regado de muita bebida para deixar mais solta.O tempo urge e a vida tem que ser vivida às pressas sem compromisso.Tudo fast food.Individualistas em busca da felicidade...nem homens, nem crianças surgirão para interromper sua trajetória, esquecendo ou não sabendo, que a gente cada etapa de vida amadurece e o olhar toma novos horizintes.
Enquanto isso, driblam a solidão com seus cachorrinhos, lindinhos, perfumados e que não exigem nada,permitindo seus corpos continuem esculturalmente esculpidos natural ou artificialmente.
Depois de mais de cinquenta anos me procurando, encontrando, me perdendo para me reencontrar, não consigo entender porque sou tão 'secular'...mas feliz.
À todas, seculares ou não, uma pausa: O banquete está servido...Lambuze-se sem pressa.
Desfrute da entrada, prato principal e sobremesa...Bom apetite!

Ah! Em tempo...Não sou "tribufu"...

2 comentários:

Marcia Toito disse...

Afeto e reciprocidade são particularidades que vivem no coração de cada um. Mais importante que a forma de expressar os sentimentos bons, é a grandeza que existe num ato de amor. E neste ato, seja ele qual for, certamente sempre existirão os três quesitos básicos: respeito, confiança e admiração.
(DESCONHEÇO A AUTORIA)

PARABÉNS PELA ESCOLHA DE TÃO BELOS TEXTOS.

MÁRCIA TOITO

Marcia Toito disse...

Afeto e reciprocidade são particularidades que vivem no coração de cada um. Mais importante que a forma de expressar os sentimentos bons, é a grandeza que existe num ato de amor. E neste ato, seja ele qual for, certamente sempre existirão os três quesitos básicos: respeito, confiança e admiração.

(DESCONHEÇO A AUTORIA)

PARABÉNS PELO BLOG E PELOS TEXTOS.

MÁRCIA TOITO