Desconheço autoria da charge
A obra de Pessoa, em seu nome e no nome de seus heterônimos nos fascina. Aqui, posto, textos extraídos do livro O EU PROFUNDO E OS OUTROS EUS: POESIA DE TODOS OS TEMPOS-FERNANDO PESSOA
Arte Gerhard Nesvadba
"Mas se Deus é as flores e as árvores
E os montes e sol e o luar,
Então acredito nele,
Então acredito nele a toda a hora,
E a minha vida é toda uma oração e uma missa,
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos."
Arte de Larry Morez
"Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo..."
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado porque é brisa
Ou que sentir desagrado porque é quente,
E de qualquer maneira que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto, é que é meu dever senti-lo..."
"Bendito seja o mesmo sol de outras terras
Que faz meus irmãos todos os homens
Porque todos os homens, um momento no dia, o olham como eu"
Que faz meus irmãos todos os homens
Porque todos os homens, um momento no dia, o olham como eu"
Arte de Casey Baugh
"Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu."
Arte de Childe Hassam
"Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo de soslaio que há campos em frente.
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas coisas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos...
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros..."
Alberto Caeiro , heteronimo de Fernando Pessoa
Um comentário:
Martha, parabéns pelo blog! Ok, é feminino mesmo - os rosas denunciam - mas é bastante acolhedor para todos os gêneros de almas.
Se quiser visitar um blog em estado vegetativo, espie este: http://arapsodia.blogspot.com/ Na verdade não funciona bem como blog, mas sim como um pequeno compilado. Abraço!
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