domingo, 14 de março de 2010

Será bruxa, será fada? Tatiana Belinky, sempre encantada




Neste 18 de Março é aniversário de 91 anos da escritora, tradutora, educadora, roteirista e pioneira de programas de TV para crianças: Tatiana Belinky

Tatiana Belinky (São Petersburgo, 18 de março de 1919) é uma das mais importantes escritoras infanto-juvenis contemporâneas. Embora russa, está radicada no Brasil desde os 10 anos de idade.

Rosa era o nome da mãe que era comunista-dentista.Não havia muitas mulheres dentistas no início dos anos 30.O pai chamava Aron, e estudava psicologia em um liceu em São Petersburgo mas não teve tempo de concluir o curso por causa da guerra.Ele era um democrata-liberal

Teve dois irmãos: Abram e Benjamin

Aprendeu a ler por volta dos quatro anos e antes dos cinco anos, já começava a se embrenhar pelo mundo das letras. Nunca mais parou. Tudo conspirou; os pais e o avô sempre estavam com um livro na mão. Mas isso não era um hábito apenas da família, ler fazia parte da classe social a que pertencia.

Aprendeu a falar letão, russo, alemão e iídiche.Depois aprendeu inglês e português, mas considera o russo como a sua verdadeira língua.

A menina Tatiana assistia a peças infantis com os pais,desde cedo e no seu aniversário de quatro anos representou um monólogo em que fazia o papel de uma mosca.

O teatro sempre fez parte da sua formação. Além do que,toda família era muito ligada à cultura. Lia-se muita poesia na sua casa, e o pai dizia poemas,era como um artista.

Conta que quando o navio lhe trouxe ao Rio de Janeiro, olhou para baixo e viu ali um cacho de bananas, da sua altura. Era coisa de conto de fadas. Parecia que o Brasil era o país mais rico do mundo. O seu primeiro amor brasileiro foram as bananas

Já em São Paulo, onde os Belinky se estabeleceram, adorava brincar de teatro com os irmãos Gilberta e Paulo Autran, então crianças como ela e colegas de escola no Mackenzie. O palco era a garagem casa da Rua Jaguaribe. Os convidados eram os pais e vizinhos.

Detalhe que não pode ser esquecido: na escola era permitido meninas lerem somente “certos” livros, porém seu pai escreveu um bilhete para a bibliotecária autorizando ler qualquer livro. Um escândalo na época.

Ela e Júlio Gouveia, psiquiatra, terapeuta e educador com quem veio a se casar mais tarde, sempre foram muito teatreiros. E iam até Buenos Aires só para
ver teatro, coisa que o pai incentiva.

Eles conversavam muito, tinha muito do que falar. De teatro, de cinema, de livro, de poesia, política.

Aos vinte ingressou no curso de Filosofia da Faculdade São Bento, mas abandonou-o em seguida, quando casou-se com o médico e educador Júlio Gouveia. O casal tem dois filhos.

No ano de 1948, começa a trabalhar em adaptações, traduções e criações de peças infantis para a prefeitura de São Paulo em parceria com o marido.

Em 1952 encenam "Os Três Ursos" em pedido da TV Tupi, que atinge grande sucesso. O êxito deste trabalho foi definitivo para a carreira da escritora iniciante: o casal é convidado a ter um programa fixo na emissora. Dentro da casa, Tatiana e Júlio fazem a primeira adaptação de o "Sítio do Picapau Amarelo", de Monteiro Lobato. O trabalho do casal na Tupi seguiria até 1966. Neste ínterim, Tatiana Belinky recebe seus primeiros prêmios como escritora, além de tornar-se presidente da CET (Comissão Estadual de Teatro de São Paulo). Em 1972 passa a trabalhar na TV Cultura e em grandes jornais do estado de São Paulo, como a Folha de São Paulo, o Jornal da Tarde e O Estado de São Paulo, escrevendo artigos, crônicas e crítica de literatura infantil

Finalmente, em 1985, Tatiana Belinky desponta como escritora de livros, colaborando em uma série infanto-juvenil chegando a escrever mais de cem obras vários prêmios literários, entre eles o célebre Prêmio Jabuti, recebido em 1989.

Nestes últimos anos, Tatiana Belinky tem também publicado livros de crônicas e memórias, traduções entre outros para crianças e jovens.

Hoje, aos quase 91 anos, ela continua escrevendo .Vive num sobrado no bairro Pacaembu em São Paulo

Tatiana Belinky vive rodeada pelas suas memórias, mas não permite que elas lhe desviem o olhar do futuro. Cada recordação serve, acima de tudo, como estímulo para um novo livro, uma nova crônica, uma nova possibilidade de trabalho.

Em fevereiro de 2010,a Academia Paulista de Letras anuncia que a escritora infanto-juvenil e tradutora Tatiana Belinky foi escolhida para ocupar a vaga que pertencia ao médico Pedro Kassab,pai do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab



"Sou antiga, mas não sou velha, porque dentro de mim continua vivinha a criança que fui e isto me permite estar em sintonia com crianças e jovens, com quem procuro repartir minhas curtições de ontem e de hoje. Meu prêmio maior é saber que meus livros irão para as mãos das crianças, e se elas sorrirem, ou se emocionarem, ou ficarem pensativas, eu ficarei feliz".

Tatiana Belinky



"Porque, para quem sabe prestar atenção em cada pequena coisa que acontece - ou não acontece, é só pensada ou imaginada -, a vida de todos os dias é cheia de coisas bonitas, alegres, tristes, intrigantes, interessantes...É só cada um usar os seus "olhos de ver", sabiam?"

Tatiana Belinky


Leia mais sobre Tatiana Belinky:

http://www.labirintosnosotao.com/2008/11/especial-conversas-no-sto-com-tatiana.html

http://aplauso.imprensaoficial.com.br/edicoes/12.0.813.342/12.0.813.342.pdf

Um comentário:

Anônimo disse...

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