terça-feira, 12 de agosto de 2014

Consegui proteger-me das pessoas sem necessariamente ter de me esconder delas.


Arte de Anne Cotterill


“(...) a verdade é que me tornei mais cauteloso com a idade e a vida. Tal não significa que seja uma pessoa desconfiada ou não arrisque escolhas até bastante ousadas. A minha cautela reside nas pessoas e suas atitudes e não naquilo que depende apenas de mim. Aprendi a conhecer os carácteres e as motivações, a distinguir o sonso do tímido, o cruel do estúpido, o hipócrita do mentiroso, o arrogante do merdoso, o apaixonado do interesseiro, o simpático do empático, o espontâneo do falso. Consegui proteger-me das pessoas sem necessariamente ter de me esconder delas. 
Consegui distinguir com os anos quem falsamente diz querer-me bem e quem me quer unicamente por bem. Percebi que a expectativa não pode sustentar as minhas atitudes porque me traz quase sempre decepções difíceis de entender. Deixei de acreditar sem sentir, porque só acredito naquilo que faz sorrir a minha alma. Prometi a mim mesmo não me deixar influenciar por lágrimas e gargalhadas em excesso, porque constatei que na maior parte das vezes escondem pessoas mentirosas e com vontade de atraiçoar. E acima de tudo,para viver melhor comigo e os outros, proibi-me de fazer juízos sobre mim ou seja mais quem for, precisamente porque acredito naqueles que afirmam que o único juízo permitido é o de Deus a si próprio ou, se preferirem, da vida a si mesma.”


José Micard Teixeira

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