domingo, 27 de julho de 2014

celebrar a vida mesmo que ela amanheça todos os dias pendurada por um mísero fio



Arte de Rob Gonsalves
se eu pudesse moldar as manhãs
com minhas mãos de poeta
talvez elas tivessem as mesmas cores
mas certamente seriam diferentes

tiraria delas a pressa do ponteiro das horas
e também o cinza dos olhos
daqueles que enfrentam as ruas

se eu pudesse amassar com minhas mãos
o barro das manhãs
eu o moldaria ao meu jeito

certamente elas teriam os mesmos rostos,]
seríamos os mesmos a dividir o mesmo espaço
mas elas seriam diferentes

desarmaria espíritos
eliminaria labirintos
substituiria muros por pontes
e ensinaria a celebrar a vida
mesmo que ela amanheça todos os dias
pendurada por um mísero fio


© Ademir Antonio Bacca
do livro “O grito por dentro das palavras”

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