Arte de Mstislav-Pavlov
"De repente tudo vai
ficando tão simples que assusta. A gente vai perdendo algumas
necessidades, antes fundamentais e que hoje chegam a ser insignificantes. Vai
reduzindo a bagagem e deixando na mala apenas as cenas e pessoas que valem a
pena. As opiniões dos outros são unicamente dos outros, e mesmo que sejam sobre
nós, não têm a mínima importância. Nada vai mudar. De repente passamos a
valorizar o que tem valor de verdade, e a amar de forma diferente de todas já
vividas.
De repente vamos
abrindo mão das certezas, pois com o tempo já não temos mais certeza de nada. E
de repente isso não faz a menor falta, pois o que nos resta é ser apenas feliz.
Percebemos que o hoje é apenas agora, e nada, absolutamente nada além disso. Paramos
de julgar, pois já não existe certo ou errado, mas sim a vida que cada
um escolheu experimentar. De repente não existe pecado, mas sim ponto
de vista. O improvável passa a ser regra.
O extremo passa a ser
meio termo, pois no dia a dia percebemos que nada é exato, e tudo chega a ser
inconstante demais para ser determinante ou absoluto. De repente o inverso vira
verso. Por fim entendemos que tudo que importa é ter paz e sossego. É viver sem
medo, e simplesmente fazer algo que alegra o coração naquele momento.
É ter fé. E só.
De repente a saudade
se torna um sentimento devastador e descobrimos que o coração fala mais alto,
então este sentimento único e profundo fica acima de qualquer razão.
De repente tentamos compreender sentimentos, jamais compreensíveis aos olhos de
outras pessoas. Descobrimos o verdadeiro valor da verdade e com ela chega a
plena certeza de que ter dignidade, transparência e retidão de caráter são
qualidades obrigatórias para se viver bem com os outros, com o mundo e,
principalmente, consigo mesmo.
De repente
descobrimos que os planos traçados e escolhidos por nós são unicamente nossos,
pois de repente, em meio aos nossos planos, chegam as escolhas de Deus."
De repente - Por
Elaine Matos
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