"-Por favor, limpe a
chaminé sobre a paixão e a vida - incitou Nietzsche.
- Uma das minhas pacientes
é uma parteira - prosseguiu Breuer. - Está velha, encarquilhada, sozinha. Sofre
de problemas cardíacos. Mesmo assim, está apaixonada pela vida. Certa vez,
perguntei-lhe a fonte da sua paixão. Respondeu-me, então, que era o momento
entre erguer um recém-nascido silente e o dar-lhe a palmada da vida. Ela
renovava-se, assim dizia, pela imersão naquele momento de mistério, aquele
momento entre a existência e o esquecimento.
- E consigo, Josef? O que
se passa?
- Sou como a tal parteira!
Quero estar próximo do mistério. A minha paixão por Bertha não é natural; é
sobrenatural, sei disso, mas preciso de
magia. Não consigo viver a preto e branco.
Irvin D. Yalom in Quando Nietzsche chorou
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