domingo, 24 de janeiro de 2010

ela me interroga: só isto?

 

 Dou-lhe tudo do que como,
e ela me exige o último gomo.


Dou-lhe a roupa com que me visto
e ela me interroga: só isto?


Se ela se fere num espinho,
O meu sangue é que é o seu vinho.


Se ela tem sede eu é que choro,
no deserto, para lhe dar água:


E ela mata a sua sede,
já no copo de minha mágoa


Dou-lhe o meu canto louco; faço
um pouco mais do que ser louco.


E ela me exige bis, "ao palco"!


Cassiano Ricardo

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