
Nascemos um para o outro, dessa argila
De que são feitas as criaturas raras;
Tens legendas pagãs nas carnes claras
E eu tenho a alma dos faunos na pupila...
Às belezas heróicas te comparas
E em mim a luz olímpica cintila,
Gritam em nós todas as nobres taras
Daquela Grécia esplêndida e tranquila...
É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)
Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo
E do teu ventre nasceriam deuses...
De que são feitas as criaturas raras;
Tens legendas pagãs nas carnes claras
E eu tenho a alma dos faunos na pupila...
Às belezas heróicas te comparas
E em mim a luz olímpica cintila,
Gritam em nós todas as nobres taras
Daquela Grécia esplêndida e tranquila...
É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)
Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo
E do teu ventre nasceriam deuses...
Raul de Leoni
Continuo com Luiz Coronel, poetisando sobre os deuses nascidos do ventre:
"Os filhos"
"Os filhos
são trilhos.
Fixos, os dormentes,tocam em frente.
Escolhem o caminho.
Os filhos são pássaros.
Nós, os ninhos.
Os filhos são pontes.
As águas do tempo fluindo
de inesgotáveis fontes.
Legamos aos filhos
lembranças
dispersas
O banho de mar,
as cobertas sobre o corpo,
o beijo na testa.
Com os filhos
descobres,
de um mundo
ríspido,
a maciez.
Ruas,cidades,
praias,
com eles ao lado,
é como se tudo fosse
primeira vez.
Os filhos são réguas.
Tens neles a exata
medida
do tempo,
da vida.
Como pode
do mesmo ventre
tão diversas
criaturas?
Compões os filhos.
Mas não tens a
regência
das partituras.
Além do sangue
e da semelhança de
traços
há um cúmplice
mistério
no olhar,
no abraço.
Os filhos partem,
regressam
e encontram
os pratos na mesa
Trazem o ritmo
de suas vidas,
ruidosos discos
rútilas incertezas
Manhã sem sol,
estrela sem brilho,
plúmbeos seriam os
dias
sem o tenso encanto
dos filhos"
Nenhum comentário:
Postar um comentário