terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Nossa idade - velho ou moço - pouco importa.

 

Reinauguração 

 Entre o gasto dezembro e o florido janeiro, entre a desmistificação e a expectativa, tornamos a acreditar, a ser bons meninos, e como bons meninos reclamamos a graça dos presentes coloridos. 
Nossa idade - velho ou moço - pouco importa. 
Importa é nos sentirmos vivos e alvoroçados mais uma vez, e revestidos de beleza, a exata beleza que vem dos gestos espontâneos e do profundo instinto de subsistir enquanto as coisas ao redor se derretem e somem como nuvens errantes no universo estável. 
Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos os olhos gulosos a um sol diferente que nos acorda para os descobrimentos 
Esta é a magia do tempo 
Esta é a colheita particular que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante, no acreditar na vida e na doação de vivê-la em perpétua procura e perpétua criação. 
E já não somos apenas finitos e sós. 
 Somos uma fraternidade, um território, um país que começa outra vez no canto do galo de 1º de janeiro e desenvolve na luz o seu frágil projeto de felicidade. 

Carlos Drummond de Andrade

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