Arte da Net
"(...) O
ser humano aceita a ideia da morte (real ou figurada) apenas quando não
se reconhece mais como um faminto, quando o corpo cansa, a mente falha e
a alma pede pra sair. Quando não há mais vontades, desejos, planos.
Quando não vê mais necessidade de alimentar-se do que a vida oferece –
música, cinema, amigos, natureza, sexo. Quando não há mais um sonho para
renovar a energia, um projeto passível de realização, nenhuma esperança
de que amanhã tudo possa mudar. Quando a sensação for de completo
enfado. Quando não houver mais comida no prato.
(...)
Para quem encara o fato de ter nascido como um privilégio, para quem
não permite que suas potencialidades, mesmo reduzidas, sejam vencidas
pelo desânimo, para quem domina a arte de temperar o convívio com as
pessoas que ama nunca chegará o dia de declarar-se satisfeito. Aos 79,
aos 84, aos 91, aos 98: enquanto a vida parecer suculenta, ninguém há de
cruzar os talheres."
Martha Medeiros
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