sexta-feira, 10 de abril de 2015

me permita ter acessos de loucura. Vivi sempre na normalidade.



 Arte de Mihai Criste

“Fiz um pacto com o tempo.
Acordamos… antes que ele me roube a lucidez,
me permita ter acessos de loucura.
Vivi sempre na normalidade.
Não contei estrelas, em noites de chuva.

Tão pouco recitei para Fernando Pessoa.
Nem andei descalço com Pablo Neruda.
E não fui a machu picchu com Clarice Lispector.
Não me embriaguei em dias de solidão.
Não tive surtos de raiva, e nem de ódio.
Aceitei a vida como me foi apresentada.
Bem que acompanhei alguns malucos,
mas foram meros acasos,
conheci o Profeta Gentileza e Raul Seixas.
Andei lendo: Osho, Nietzsche e outros.
Mas sempre estava lúcido.

Fiz um pacto com o tempo.
E lhe pedi loucura.
Loucura pra ficar livre das amarras,
fiquei preso as normas e aos conceitos.
Pedi ao tempo que esquecesse de mim e eu dele.
Pelo menos daqui até o final.

Ari Mota

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