segunda-feira, 30 de março de 2015

o retrato da fragilidade das relações





 Arte de Grzegorz Ptak

“(...) Virou exagero se doar. A ordem agora é se emprestar. Toma aí um pouquinho de mim, mas devolve.

Resultado? Um sem número de relacionamentos à distância. Os dois sentados à mesma mesa, mas cada um teclando um smartphone. Os dois saindo de férias, mas cada um para um destino diferente. Os dois com problemas, mas sem disposição para conversar a respeito, já que a ordem é pegar leve. Os dois com muitos planos, mas sem nenhuma intenção de abrir mão do seu sonho em função do sonho do outro. Os dois com dúvidas, mas sem reparti-las para não ter que se explicar muito. Os dois juntos, mas não por inteiro, que nada mais é inteiro, tudo é fragmentado.

É uma contingência dos novos tempos, o que não impede que a relação evolua.

Que deixe de ser um namorico, uma ficada, um rolo, um lance, um caso, uma pegação, uma historinha para, aleluia, virar amor. E amor a gente não empresta, entrega de bandeja. Distância? Que distância? Não importa onde estivermos, será suprimida por uma palavra que não é moderna nem antiga e que sempre nos unificará: vínculo.”

Martha Medeiros

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