segunda-feira, 7 de maio de 2012

preciso de magia. não consigo viver a preto e branco.




"-Por favor, limpe a chaminé sobre a paixão e a vida - incitou Nietzsche.
- Uma das minhas pacientes é uma parteira - prosseguiu Breuer. - Está velha, encarquilhada, sozinha. Sofre de problemas cardíacos. Mesmo assim, está apaixonada pela vida. Certa vez, perguntei-lhe a fonte da sua paixão. Respondeu-me, então, que era o momento entre erguer um recém-nascido silente e o dar-lhe a palmada da vida. Ela renovava-se, assim dizia, pela imersão naquele momento de mistério, aquele momento entre a existência e o esquecimento.
- E consigo, Josef? O que se passa?
- Sou como a tal parteira! Quero estar próximo do mistério. A minha paixão por Bertha não é natural; é sobrenatural, sei disso, mas preciso de magia. Não consigo viver a preto e branco.

Irvin D. Yalom in Quando Nietzsche chorou

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