sábado, 26 de março de 2011

Ainda é a vez do tempo estar vestido de noite



Arte de Anne Geddes

A crisálida ainda está se acostumando com a ideia de ser borboleta e já queremos que voe.

A flor ainda é botão e, em vez de apreciá-la como botão, ficamos apressados para vê-la desabrochada.

O fruto ainda precisa amadurecer, mas o arrancamos, verde, do pé, por mera ansiedade.

Ainda é a vez do tempo estar vestido de noite, mas queremos que se troque rapidinho para vestir-se de manhã.

Nossa impaciência, nossa pressa à vida pelo resultado das coisas do jeito que queremos, no tempo que queremos, geralmente altera o sábio fluxo do tempo da vida e o desdobramento costuma não ser lá muito agradável.


Ana Jácomo


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