Arte de Jose Luis Fuentetaja
"O
fato é que muita gente já morreu alguma vez e nunca desconfiou disso. Inclusive
você, não obstante eu. Porque a gente morre quando levanta da cama e já corre
para olhar o celular. Morre de monotonia, de inércia, de marasmo, de falta de
sonhos e de sonhos não realizados. A gente morre de medo de por o dedo em riste
na cara do próprio medo e de pegar a coragem e seguir caminhando.
Morremos
de medo de trocar hábitos, de mudar de ideias, convicções, de ver as coisas por
outra perspectiva e damos um repeat automático nos comportamentos viciados e
ranzinzas. Morremos de medo de olhar para o espelho da consciência e encarar os
olhos nada atrativos das verdades de nossa alma, pois os reflexos geralmente
são indigestos e desagradáveis. Morremos de medo de colocar em pratos limpos as
mazelas de uma relação corroída, mas sustentada, apesar do visível desgaste,
devido à insistência do amor que já não é mais o mesmo, mas que poderia voltar
a ser ainda melhor se fossemos viscerais e honestos com nós mesmo e com o
outro. Morremos na reincidência infinita de conhecidos ranços e defeitos, dos
outros, e nossos. Morremos quando não somos coerentes com o que sentimos.
(...) Urgente! É preciso ter coragem e força de
personalidade para olhar para dentro de si e, identificar essas pequenas mortes
diárias. Fazer delas o combustível para catarses existenciais que melhorem cada
um como ser humano. Que nos possibilite ver e ter uma vida com mais
honestidade, ética, sensibilidade, poesia, densidade e amor. Ter a coragem de
trocar nossas pequenas mortes de cada dia por sobressaltos cheios de cores,
beijos úmidos e risadas altas, prontas para ocupar os palcos de uma vida mais
verdadeira e se refestelarem soltas ao sabor do vento sem nenhuma amarra ou
máscara. Vida longa e muito amor a todos que se dispuserem ao desafio."
Roberta Simão
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