sexta-feira, 20 de março de 2009

à minha revelia





A ÁRVORE REBELDE


Não a plantei. Finquei-a como estaca
Para amparar as mudas de macieira
Recebidas de terras peregrinas
Com promessa de muita flor e fruto.

As maçãs não vingaram. Os arbustos
Foram murchando sob o sol e as pragas
Enquanto a estaca rudemente tosca
Explodia em gemas verdejantes.

Tornou-se árvore à minha revelia
Cedro frondoso que me encanta a vista
Na surpresa de sua autoconquista.

Quando o mundo me agride, à sua sombra
Me refugio e, olhando cada ramo,
Vou recordando os seres que mais amo.



Miguel Reale


Miguel Reale foi muito feliz em conseguir expressar toda essa magnitude da vida. Ela é mesmo surpreendente!
Coisas que esperamos ou planejamos muitas vezes não vingam, apesar de toda a dedicação. No entanto, sem pretensão alguma, eis que surge uma nova opção que se olhar com cuidado e aproveitamento, nos fará muito bem.
Cá estou eu rendida!
E venha a vida! De todas as formas. Minha mente está aberta [ou quase]

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