segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

redescobrindo entes queridos e prestando atenção ao valor da vida.





Natal é boa ocasião para o casal se perdoar e fortalecer a relação


Para além da agitação consumista, com o afeto tentando se traduzir em presentes, este é um momento espiritual e amoroso em que os parceiros podem refletir sobre valores algumas vezes esquecidos. Por isso mesmo, a tolerância e o perdão não devem ir embora junto com o Papai Noel: são os melhores brindes que o generoso velhinho traz àqueles que se amam.



A vida corre apressada e difícil. Nem sempre as pessoas se dão conta de que estão ligadas no automático: vão em frente na luta pela sobrevivência - que cada um inventa à sua maneira. Sim, pois embora o sobreviver tenha um aspecto objetivo, a partir de um certo cardápio básico, cada um o recria conforme o próprio desejo, nível de exigência e estilo subjetivo. Na torrente do dia-a-dia, falta tempo para refletir se não estamos sendo distantes ou egoístas demais, atropelando sentimentos alheios e até perdendo de vista as próprias referências. A indiferença é capaz de atingir inclusive as relações mais íntimas - o amor que está ao nosso lado, os filhos, os pais, os irmãos e os demais familiares. Às vezes, é preciso uma solenidade como o Natal, com seus encontros festivos, ceia e presentes para que aconteça um momento de emoção, uma chance de olhar em volta, redescobrindo entes queridos e prestando atenção ao valor da vida.

O momento de afeto propicia mesmo a reconciliação de casais ou familiares que brigaram, além do perdão pelos erros recíprocos. Nesta hora propícia à reflexão, o maior presente que se pode receber, muito mais importante do que as coisas materiais - alçadas na consumista atualidade a fetiches idealizados - serão os sentimentos de gratidão pelo convívio mútuo, a ternura pela sorte de ter um ao outro, com todos os prazeres e os impasses inerentes às relações de um casal. Melhor ainda é não limitar esses bons sentimentos à solenidade natalina. Eles devem ser mais do que mera expressão de astúcia momentânea, representar as reais possibilidades de serem transformados em atos cotidianos.

Esta é a proposta de cada Natal aos seres humanos. Costuma-se ver o perdão como algo que acontece após uma falta, ocasionando o célebre pedido de desculpas. Sem dúvida, um gesto civilizado de reconhecimento de que o outro merece uma reparação após ser vítima de ação desastrada, imerecida ou injusta. Porém, nem sempre se atenta ao fato de que o termo perdão também significa poupar, evitar. Invocando responsabilidade prévia por seus atos, eu costumo lembrar a meus clientes que desculpas se pedem antes de se cometer uma injúria, no sentido de evitá-la. Claro que não somos perfeitos e cometemos faltas, especialmente junto à pessoa com quem temos mais intimidade, devido ao convívio que por vezes desmobiliza o cuidado. Mas o pedido de desculpas, tanto quanto as comemorações natalinas, não são reparações mágicas e não devem subtrair a autêntica introspecção sobre nossa conduta.

Alguns casais reclamam que chegam ao Natal sofrendo a deterioração de suas relações, sem reparar que ao longo do ano podem não ter prestado atenção ao fato de que o amor requer, além do desejo, uma série de cuidados e atenções recíprocos. Entre eles, a resignação com as inescapáveis frustrações e a tolerância com os paradoxos simultâneos ou alternados de amor e desamor. E há que se ter precaução com a própria pressão - e depressão! - natalina e do fim de ano: o frenesi da época faz algumas pessoas extremar as dificuldades de suas relações. Uma expectativa exagerada a respeito do que é a felicidade no amor e a fantasia de que o Natal e as relações dos outros é que são plenos e invejáveis podem levar a decisões intempestivas, provocando sofrimento desnecessário.

Paulo Sternick é psicanalista no Rio de Janeiro (Leblon, Barra e Teresópolis). E-mail: psternick@rjnet.com.br


REVISTA CARAS - EDIÇÃO 790 - ANO 15 - NÚMERO 52 - AMOR

êta vida besta, meu Deus!

Vida besta é de quem pensa que Caras só tem besteiras...depende como se olha!
Às vezes, tem que ver além das imagens, fotos. Que tal dar uma espiadinha com um olhar atento nas entrelinhas? Se abre um horizonte cheinho de surpresas. Acredite!


Feliz Ano Novo com um feliz olhar novo!

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